Quando perdemos alguém que era importante para nós, as coisas ficam bem diferentes. É um momento solene. Ficamos lamentando a perda, relembrando os momentos que passamos com essa pessoa e deixamos de fazer outras coisas nos dias próximos ao dia da morte, nos reunimos com outros amigos. O que acontece é que uma tristeza nos move, mas essa tristeza tem origem no amor que tínhamos pela pessoa que se foi. Temos o sentimento de homenagear a pessoa e queremos ela de volta.
Mas situações como essa nos fazem refletir. Percebemos então que perdemos muito tempo com coisas desnecessárias e que é preciso buscar o que é realmente importante. O que estamos fazendo com nossas vidas e com as das pessoas ao nosso redor? Será que realmente damos valor a elas?
Estamos acostumados a ouvir frases como "Jesus morreu por você", mas não tocamos na realidade dessas palavras. Aquilo foi real, Cristo morreu na cruz, o justo pelos injustos. Aquele que amou o homem e veio para perto dele para guiá-lo, para falar-lhe. Não podemos ficar indiferentes, precisamos ser tocados, pois realmente Ele foi morto naquele momento, deixemos portanto as nossas próprias coisas, porque Ele nos amou. Deixemos as coisas desnecessárias, olhemos para o que realmente importa e com intrepidez pratiquemos o que Ele nos falou, porque agora tudo é diferente, nosso maior amigo se foi. E esse amor nos move, também nos une.
Num momento logo após uma perda esquecemos dos nossos problemas, das antigas discussões em que estávamos envolvidos. Assim deve ser, devemos olhar para a obra de Cristo na cruz e valorizá-la cada dia mais, não ter preocupações desnecessárias com nossos problemas, isso muitas vezes não os resolve, e nosso Jesus é maior que todos eles. Também muitas vezes nos envolvemos em discussoes, sejam pessoais ou doutrinárias, que muitas vezes não são realmente necessárias.
O amor de Cristo nos constrange, deixamos tudo para vir desfrutar desse amor. Ele nos amou. E Ele voltou para nós, ressurgiu ao terceiro dia e agora o temos para sempre conosco (Mt 28:20). Precisamos permitir que o Senhor aplique em nós tanto a obra da cruz como a da ressureição. Nelas vemos quão precioso Ele é para nós e, se virmos, seremos levados a fazer o que Ele ama que façamos.
"O próprio Deus sabe do valor eterno da cruz de Seu Filho. Ele manifestou a todos o eterno frescor da cruz de Seu Filho. Agora Ele deseja ganhar os redimidos de modo que também conheçam esse fato. A percepção do frescor eterno da cruz traz poder. A percepção do frescor eterno da cruz traz amor. A percepção do frescor eterno da cruz traz vitória. A percepção do frescor eterno da cruz traz longanimidade. Se verdadeiramente conhecermos o frescor da cruz, que inspiração receberemos dela! Que motivação vamos obter dela! Se a cruz não está velha no nosso coração, certamente teremos uma comunhão íntima com o nosso Senhor. Se um crente se esqueceu da cruz, isto indica que ele se esqueceu do Senhor.
José [de Arimatéia] nos tempos antigos só desejava ser um discípulo de Cristo secretamente. Nicodemos só ousou ir ver o Senhor à noite. Mas quando ambos viram a crucificação do Senhor, foram motivados fortemente. Como resultado, eles arriscaram ofender a multidão e pediram o corpo do Senhor para O sepultar. A cruz pode fazer dos mais medrosos dos homens, os mais corajosos. Quando eles viram Jesus na cruz e como Ele sofria e era repreendido pelos homens, o amor da cruz os inspirou e os motivou. Portanto, se tivermos a morte de Cristo diante de nós todo o tempo, seremos motivados da mesma maneira que eles o foram. A cruz, então, tornar-se-á a nossa força.
(...) Se verdadeiramente virmos a cruz do Senhor a todo momento, se virmos como Ele sofreu ali, se virmos os ferimentos em Suas mãos e pés, e a coroa de espinhos sobre a sua cabeça, se virmos como Seu amor e sangue se misturaram e se virmos Seus sofrimentos e tristeza, não seremos profundamente motivados e não cessaremos de fazer coisas que não o agradam ou que Lhe causem sofrimento? É por nos faltar o eterno frescor da revelação da cruz diante de nós que desprezamos o amor do Senhor.
(...)Se tivermos uma revelação fresca da cruz dia após dia, acrescentaremos a nós mesmos muitas experiências frescas de fé em nosso morrer juntamente com Ele. É devido ao fato de não vermos uma cruz diária que temos muitas experiências do pecado ressuscitando em nós.(...) Muitos filhos de Deus fracassam por não perceber que a morte da cruz não é simplesmente algo que ocorreu uma vez por todas, mas algo que está continuamente conosco, todo o tempo.
Irmãos, quão fresca é a cruz! A cruz não conhece o significado do tempo. A cruz não sabe o que é velhice. Que sejamos constantemente motivados por ela! Oh! Que possamos perder-nos na cruz, todos os dias da nossa vida! Oh! Possa a cruz não perder seu poder sobre nós um dia sequer! Oh! Que possamos permitir que a cruz faça uma obra mais profunda em nós a cada dia! Possa o Pai abrir-nos os olhos a fim de vermos o mistério oculto na cruz de Seu Filho. “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6:14)."
Trechos de “A Cruz” de Watchman Nee.
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